Relacionamentos saudáveis no trabalho
Depois de mais de 30 anos estudando relacionamentos, o Dr. John Gottman, que fundou o Laboratório de Pesquisa da Família da Universidade de Washington, detectou alguns comportamentos que ele considera “venenos mortais” para qualquer relação. A esses comportamentos o Dr. Gottman deu o nome de “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, uma alusão ao risco que eles representam – sua presença é sinal de que o relacionamento não vai durar. Embora o trabalho do Dr. Gottman tenha sido feito com base no estudo de casais, o fato é que os quatro cavaleiros por ele detectados aplicam-se a qualquer tipo de relacionamento – inclusive os que se desenrolam no ambiente de trabalho. Assim, pois, todos os que veem os relacionamentos profissionais como um desafio podem se beneficiar ao entender como os cavaleiros se manifestam e quais são as formas, ou “antídotos”, para neutralizá-los.
Os quatro cavaleiros são o criticismo, a defensividade, a obstrução e o desprezo. Veja como eles funcionam.
Defensividade
Quando você tenta se defender do que considera ser um ataque em vez de procurar entender o que a outra pessoa está dizendo, você está adotando uma postura defensiva. Com atitudes como essa, rejeitamos o fato de que também somos responsáveis pelo que está acontecendo. Posturas defensivas bloqueiam a comunicação, reforçam a sensação de incompreensão e impedem a resolução de problemas. A solução: escute o que o outro está dizendo antes de começar a se defender. Tente chegar a um acordo em vez de perder tempo explicando “o seu lado da história”. No trabalho, são mais proativos – e, portanto, mais bem-vistos – os que solucionam do que aqueles que se justificam.
Obstrução
Refere-se ao stonewalling, ou “emparedamento” – a pessoa “se fecha” em si mesma e recusa-se a interagir com o outro, obstruindo qualquer possibilidade de diálogo ou de cooperação. O “obstrutor” pode se retirar fisicamente (simplesmente sair andando no meio da conversa) ou, o que é mais comum no ambiente de trabalho, retirar-se emocionalmente (não esboçar nenhuma reação e deixar a outra pessoa com a sensação de que está falando com as paredes). A solução: procure a ajuda de um coach para desenvolver a assertividade e aprender a lidar com o estresse. Quem deixa as pessoas “falando com as paredes” corre o risco de ver sua carreira estagnar-se.
Criticismo
Criticismo é dar a entender que existe alguma coisa errada com a pessoa com a qual você está falando, algo como um “defeito” em sua personalidade, de modo que a discussão de um problema acaba se transformando em um ataque global à identidade do outro. O uso de expressões generalistas para enfatizar algo negativo que a pessoa supostamente faz ou é (“Você sempre...” e “Você nunca...”) constitui um sintoma clássico do criticismo, que é ruinoso para a autoestima e para o relacionamento. A solução: não critique a pessoa, atenha-se aos fatos. Aprenda a dar feedback construtivo.
Desprezo
Uma pessoa manifesta desprezo quando se coloca em uma posição de superioridade, ao mesmo tempo em que desqualifica a outra. Zombar, ironizar, menosprezar, desacreditar, duvidar da capacidade – às vezes, até na frente de outras pessoas – são algumas das maneiras pelas quais o desprezo se manifesta. O desprezo é, também, uma característica do bullying psicológico que, se for praticado pelo chefe em relação ao um subordinado, pode até dar origem a processos por assédio moral. A solução: faça uma autorreflexão e reveja sua posição. O que o está levando a sentir-se superior aos demais? Que benefícios essa atitude está trazendo para você e para os outros?
*Flora Victoria é presidente da SBCOACHING Training e diretora educacional do SBCOACHING Group. Mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia, é considerada a maior especialista em psicologia positiva aplicada ao coaching do país – seu trabalho precursor resultou na criação do primeiro treinamento de positive coaching do Brasil. Pioneira na condução de projetos de pesquisa e comprovação científica do coaching, tem contribuído significativamente para consolidar a credibilidade desse processo e estimular seu desenvolvimento no Brasil e no mundo. Trainer com ampla experiência, já atuou na formação de mais de 25 mil coaches.